Descontrole glicêmico, principalmente em períodos de confinamento social, deixa o público mais vulnerável ao impacto da doença até com relação aos sintomas menos graves, como a conjutivite
A baixa imunidade ligada à elevação do açúcar no sangue (hiperglicemia) torna os diabéticos mais propensos a terem complicações, caso contraiam o novo coronavírus. É por isso que a diabetes é um dos fatores que compõem o grupo de risco da Covid-19, segundo os órgãos competentes de saúde. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) estima que mais de 12 milhões de pessoas vivam com essa condição.
Em surtos anuais os pacientes diabéticos tem risco seis vezes maior de desenvolverem a doença e de serem internados por alguma complicação da mesma.
A incidência de infecções do trato respiratório é 18% maior em pacientes diabéticos, sendo que a incidência de pneumonias é 46% maior nesse grupo de pacientes do que na população geral.
A glicose alta provoca mais internações em UTIs – Unidades de Terapia Intensiva e maiores necessidades de intubação orotraqueal. Ou seja, pacientes que não controlam de forma adequada sua glicose complicam mais diante de uma infecção como gripe e pneumonias.
Esse período de confinamento pode levar ao aumento da ingestão calórica e restrição de atividade física, o que podem elevar a glicemia e piorar as patologias oculares.
O médico oftalmologista, da Clínica de Olhos Massilon Vasconcelos, Dr. David Almeida ressalta. “Todo diabético deve ter uma atenção especial à saúde de seus olhos, pois as altas concentrações de glicose no sangue podem levar a patologias oculares diversas. Uma das mais frequentes é a retinopatia diabética, uma lesão na região posterior do olho (retina) que pode ocasionar desde baixa visual discreta, no inicio da doença, até cegueira permanente em fases mais avançadas. Outras doenças oculares mais comumente associadas aos pacientes diabéticos são glaucoma e catarata, que também podem evoluir para cegueira, embora haja formas de tratamento eficazes no intuito de evitar tal desfecho”.
Pensando nesse público e diante do cenário da pandemia do coronavírus, a SBD disponibilizou informações e orientações para os cuidados de prevenção que os diabéticos, em especial, devem tomar. No comunicado, a instituição alerta para a alta letalidade do vírus para os portadores da doença, além de lembrar quais são as formas de transmissão do vírus, que se propaga facilmente pelo ar e pode ser contraído pelo contato próximo com pessoas infectadas – até mesmo assintomáticas – e pelo contato com superfícies contaminadas.
Dessa forma, uma das principais preocupações e recomendações de especialistas de saúde diz respeito aos cuidados e à atenção redobrada antes de tocar a boca, o nariz e até mesmo os olhos.
“Muita gente acaba esquecendo que os olhos, por se tratarem de mucosa assim como nariz e boca, são uma das portas de entrada para o novo coronavírus e um dos sintomas da infecção é a conjuntivite. No caso dos diabéticos, além de todas as possíveis complicações já conhecidas que podem ocorrer devido à Covid-19,
a conjuntivite, apesar de ser um sintoma mais raro, pode estar presente em pacientes com a doença. Acredita-se que o índice de conjuntivite associado à convid-19 varia entre 0,5 e 2% da população comprovadamente positiva para a patologia, como mostram os múltiplos estudos iniciais sobre o tema. Ainda precisamos de comprovações científicas mais robustas para podermos definir melhor tais índices.” Explica oftalmologista Dr. David de Almeida, da Clínica de Olhos Massilon Vasconcelos.
O especialista recomenda que as pessoas que convivem com a diabetes sigam as medidas preventivas que cabem a todos os públicos, mas que tenham cuidado redobrado, principalmente evitando tocar a mucosa dos olhos. “Lave sempre as mãos da maneira correta. Se possível, procure não tocar os olhos, mas caso não tenha como conter esse movimento, faça-o evitando usar as pontas dos dedos, principalmente polegar, indicador e médio pois são teoricamente os mais contaminados. Dê preferência à região posterior da mão ou dos dedos anelar e mínimo e sempre com as mãos previamente higienizadas”, alerta Dr. David.