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Vamos iniciar este texto com o básico. Diante de situações como a que estamos vivendo agora, a gestão de uma empresa tem que partir imediatamente para um Plano de Contenção de Crise, ok? A partir daí, nasce um Plano de Ação, que deve ser imediatamente operacionalizado e ajustado, de acordo com os caminhos que a crise aponta. Sim, esse é um caminho técnico importante, inicial e que deve ser seguido. Porém, eu quero destacar, neste texto outra informação: as técnicas tradicionais, sozinhas, não vão funcionar hoje!
O Plano de Contenção de Crise precisa ser feito, porém DEVE estar alinhado com as NOVAS DORES e os NOVOS VALORES que estamos presenciando agora. Estamos vivendo um momento singular da história da humanidade e as empresas precisam ter, neste fatídico 2020, um novo olhar e um desejo gigante de romper paradigmas, tendo atitudes disruptivas se quiserem sobreviver.
A atual situação do Brasil configura uma crise nunca antes vista, que está trazendo sequelas profundas no âmbito social, no econômico e, acima de tudo, no emocional de todos os envolvidos. As decisões e ações devem ter as operações e os olhos voltados para dentro e para fora de cada empresa. Olhar para dentro é quando você passa a olhar amiúde cada setor, cada processo e, até mesmo, cada pessoa e suas particularidades, enquanto olhar para fora é pensar: “como eu posso me transformar neste momento e pensar além do lucro, além das vendas?”, “Como eu posso me posicionar de uma forma que consiga sobreviver e também ajudar?”.
Não temos como pensar as vendas como antes, nem o lucro acima de tudo. Os hábitos de consumo são outros! Reflitamos que, a cada dia de quarentena que passa, o consumidor muda a sua forma de olhar o mundo, de olhar as outras pessoas, os acontecimentos e, automaticamente, a forma de consumir, de desejar algo. Um dia ele amanhece feliz, outro dia pessimista, outro dia mais esperançoso. Isso afeta a decisão de compra imediatamente. Fora que o mundo hoje está focado apenas no ESSENCIAL. Os desejos são básicos. O que cada um de nós quer é: alimentarmo-nos, vestir algo e, acima de tudo, estar com a higiene em dia e se sentir protegido no isolamento. Nada mais importa.
Hoje o foco não é comprar nada além do básico, até porque todo cidadão do mundo está com receio do que vai acontecer pós-pandemia. Os empregos. Os salários. Como estaremos financeiramente? Diante disso, as empresas devem perceber que o foco, hoje, não é valorizar a venda, e sim os VALORES DO SER HUMANO. Diante disso, a linha a seguir é: tomar atitudes que mostrem que o foco daquela empresa vai muito além dos ganhos. Ela deve se voltar para dentro e fazer uma reflexão até primitiva: precisa ajudar o mundo e as pessoas a sobreviver. Inclusive, nós mesmos. A partir dessa reflexão, a empresa deve desenhar sua tomada de decisões estratégicas para continuar minimamente viva diante deste momento tão atípico.
Ações disruptivas e humanísticas devem ser priorizadas. Antigos conceitos devem ser enterrados. O momento, o tempo, o hoje, exigem muito mais do que ações, mudanças. Exigem transformações de dentro para fora e de fora para dentro das empresas e de seus gestores. Na tomada de decisão, devemos lembrar a todo o momento que somos apenas homens e mulheres com todas as fragilidades e medos. Que esses valores nos impulsionem a elaborar estratégias mais profundas, nas quais a humanidade é priorizada. Como consequência, teremos a sobrevivência empresarial e financeira e, quem sabe, com louvor!